Manifestação contra reformas termina em conflito e depredação na Esplanada

Manifestante protesta contra a reforma da Previdência, coberto pela fumaça de bombas lançadas pela PM do Distrito Federal

Depois de uma marcha pacífica em Brasília, do estádio Mané Garrincha até o gramado em frente ao Congresso Nacional , a manifestação organizada por centrais sindicais nesta quarta-feira (17) terminou em conflito com policiais e depredação na Esplanada dos Ministérios.

As centrais sindicais pediam o fim das reformas trabalhista e previdenciária e a saída do presidente da República, Michel Temer, além de eleições diretas para definir o sucessor, quando alguns grupos de mascarados provocaram a Polícia Militar, que reagiu com spray de pimenta, gás lacrimogênio e balas de borracha.

Por conta do conflito, o presidente Michel Temer editou decreto, determinando que as Forças Armadas garantam a lei e a ordem no Distrito Federal até o dia 31 de maio. A medida causou polêmica no Plenário da Câmara.

Manifestantes

Os trabalhadores que participaram do protesto são ligados às centrais sindicais e vieram de ônibus de várias partes do País. Segundo os organizadores, somaram 200 mil pessoas. A PM estimou em 35 mil.

Natália Souza, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araguari (MG), defendeu a realização do protesto. “A gente não tem que ficar dentro de casa somente reclamando do Brasil”, disse. “A gente está aqui para procurar por um Brasil melhor, para tentar tirar o Temer, porque, do jeito que está, não tem como continuar.”

Para Cleide Coutinho, coordenadora do Movimento Sem Teto em Salvador, os atos de vandalismo tiraram o brilho da manifestação. “Acaba dispersando as pessoas, acaba desfocando. Infelizmente, somos trabalhadores e trabalhadoras recebidos com gás lacrimogênio.”

Ação policial

Deputados da oposição que estavam no protesto afirmaram que a PM exagerou, teria jogado várias bombas na direção no carro de som e de manifestantes que não estavam mascarados. Os organizadores haviam recomendado que os manifestantes evitassem confrontos e também pediam calma aos policiais.

Para o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), a polícia fez o seu papel. “Se existiu manifestação legítima, houve também vandalismo, depredação e pichação de patrimônio público. A Polícia Militar reagiu, mas também foi agredida.”

Em nota, a PM do Distrito Federal informou que usou a força de maneira “progressiva” porque os manifestantes tentaram invadir o perímetro de segurança em torno da Praça dos Três Poderes.

Quatro pessoas foram detidas. Segundo a PM, um homem, ao tentar atingir um policial com um rojão, teve ferimento na mão, devido à explosão, e foi socorrido por outros manifestantes.

Na Esplanada, 40 mil devem acompanhar a votação do impeachment

Com 80m de largura e 1km de comprimento, a volta da cerca coloca mais uma vez manifestantes da esquerda e da direita em lados opostos/Imagem:internetCom 80m de largura e 1km de comprimento, a volta da cerca coloca mais uma vez manifestantes da esquerda e da direita em lados opostos/Imagem:internet

Mesmo antes da decisão sobre a continuidade do processo do impeachment no Senado Federal, a instalação do muro na Esplanada dos Ministérios e o esquema de segurança das forças policiais estavam mantidos. O alambrado começou a ser reerguido no domingo e deve ficar pronto até hoje. A expectativa é retirar a estrutura somente um dia depois do resultado — o que deve ocorrer na quinta-feira. Com 80m de largura e 1km de comprimento, a volta da cerca coloca mais uma vez manifestantes da esquerda e da direita em lados opostos.

Assim como ocorreu nos dias de votação do processo na Câmara dos Deputados, o grupo pró-impeachment ficará na via S1 no Eixo Monumental, entre a Rodoviária do Plano Piloto e o Congresso Nacional; o lado contrário à saída da presidente estará distribuído ao longo da via N1. A Subsecretaria de Integração e Operações de Segurança Pública (Sosp) prevê a chegada de ônibus e caravanas sindicais dos dois grupos a partir de hoje.

Na manhã de ontem, forças de segurança e órgãos do governo se reuniram na Sosp, com servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Subsecretaria de Inteligência da pasta. A expectativa é de um número menor de manifestantes. “A previsão é de menos de 40 mil pessoas. A redução pode ser atrelada ao dia da semana e a um resultado mais ou menos previsto. Também tivemos uma reunião com os grupos pró e contra impeachment, que confirmaram a intenção de caravanas”, explicou o subsecretário da Sosp, coronel Márcio Pereira da Silva.

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DF começa a montar grades na Esplanada para votação do impeachment

Um muro de metal dividindo a Esplanada ao meio deve começar a ser erguido neste fim de semana, nos mesmos moldes do isolamento que foi feito para a votação no plenário da Câmara/Foto:Wilson Dias/Agência Brasil

Um muro de metal dividindo a Esplanada ao meio deve começar a ser erguido neste fim de semana, nos mesmos moldes do isolamento que foi feito para a votação no plenário da Câmara/Foto:Wilson Dias/Agência Brasil

O governo do Distrito Federal já começa a montar o esquema de segurança na Esplanada dos Ministérios para a primeira votação sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que ocorrerá esta semana no Senado.

As grades que vão dividir o público contrário e favorável ao impeachment já estão no gramado em frente ao Congresso Nacional. Um muro de metal dividindo a Esplanada ao meio deve começar a ser erguido neste fim de semana, nos mesmos moldes do isolamento que foi feito para a votação no plenário da Câmara, no último dia 17. Manifestantes pró e contra o governo devem comparecer para acompanhar a decisão do plenário do Senado sobre o afastamento da presidenta.

O esquema de segurança também deve incluir um vão dos dois lados do muro, onde poderão ser feitos atendimentos de emergência pelo Corpo de Bombeiros, caso seja necessário. Além disso, o gramado logo em frente ao Congresso Nacional ficará isolado, com os manifestantes sendo mantidos distantes do prédio.

Nesta semana foi aprovado o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável à admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma na Comissão Especial do Impeachment no Senado. A aprovação abre caminho para a votação do parecer no plenário. A sessão deverá começar na quarta-feira (11), mas a votação só deve ocorrer na quinta-feira (12).

Com informações da Agência Brasil