Manutenção de Programa de Bolsas de Iniciação à Docência é discutida em audiência pública

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O desprestígio profissional e consequente abandono dos cursos superiores de licenciatura preocupa professores e estudantes. Na tarde desta quinta (17), o segmento esteve presente na Assembleia Legislativa para pedir a continuidade de uma iniciativa federal que ajudaria a solucionar o problema: o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). O encontro foi promovido pela Comissão de Educação da Casa, por solicitação de representantes do Fórum Nacional dos Coordenadores Institucionais do Pibid (Forpibid) do Nordeste.

Criado em 2007 por edital da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação (MEC), o Pibid atua na formação inicial e continuada de educadores no ciclo básico. Isso é feito através da concessão de bolsas a alunos de licenciaturas que desenvolvem atividades em instituições da rede pública, sob orientação de docentes universitários e professores das escolas. Atualmente, o programa é adotado por 284 instituições de Ensino Superior e executado em 5.898 escolas parceiras por mais de 90 mil bolsistas em todo o País.

Entretanto, no cenário atual, educadores temem os cortes no orçamento. “Queremos consolidar o Pibid como uma política de Estado perene para a formação de docentes e a valorização do magistério. Vivemos um risco iminente de apagão geral de professores, o que já acontece em áreas como matemática, química, física e biologia. A taxa de evasão em algumas licenciaturas chega a 70%”, observou a vice-representante do Forpibid do Nordeste, Lúcia Falcão. Voltado para moradores do campo e indígenas, o Pibid Diversidade também mereceu destaque nas falas dos participantes.

O pró-reitor de Graduação da Universidade de Pernambuco (UPE), Luiz Alberto Rodrigues, aprova o programa, já adotado pela instituição estadual. De acordo com ele, as alternativas que a Capes propôs – manter sem expandir ou institucionalizar via entidades de Ensino Superior – são inviáveis. “A primeira significa deixar o Pibid morrer por inanição, já que os estudantes vão se formar, mas não entrarão outros no lugar. A segunda não é fácil pela própria situação financeira das universidades, hoje”, analisou.

Na sequência, integrantes da Secretaria Estadual de Educação, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais (Undime) se manifestaram a favor do Pibid, bem como professores e estudantes que participaram do encontro. Formado em História pela Universidade Federal de Pernambuco, Waldomiro Borges revelou que o Pibid foi essencial na descoberta da vocação para a docência. “Foi quando vi que, pela educação, eu poderia fazer algo para mudar a realidade das pessoas”, contou.

Como resultado da reunião, a presidente do colegiado, deputada Teresa Leitão (PT), propôs a redação de um documento, a ser entregue ao MEC e à Capes por representantes do Forpibid e da Alepe, no qual constarão a defesa do papel estratégico do programa, as sugestões de melhorias e a indicação de rumos. “A grande proposta será transformar o Pibid em uma política de Estado”, afirmou a parlamentar. “Temos o desafio enorme de tornar o magistério atrativo. Hoje, ninguém mais quer ser professor,” concluiu.

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