‘Aedes’ e microcefalia faz parto cair e aborto aumentar em Pernambuco

O receio de ver os filhos nascerem com complicações provocadas pelas arboviroses (dengue, chikungunya e zika) tem provocado dois fenômenos entre casais e mulheres que vivem em Pernambuco, com destaque para o Recife e região metropolitana: a diminuição de gestações planejadas e o aumento do número de abortos, após a identificação de má-formações e doenças neurológicas em fetos.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde não há estatísticas oficiais sobre o tema, mas nos bastidores de maternidades públicas e privadas o assunto tem chamado a atenção de médicos e outros profissionais de saúde.

Para se ter uma ideia da dimensão da preocupação de mulheres e casais, de acordo com dados dos boletins de rotina da Secretaria Estadual de Saúde, em setembro de 2015 o número total de partos no Estado – na rede vinculada ao Sistema Único de Saúde – foi de 8.918. Um ano depois, em setembro deste ano, o total chegou a 6.627, o que significa uma redução de 26%.

A assistente social Flávia Fragoso, que atua em duas equipes multidisciplinares que fazem o atendimento em unidades de saúde de referência no tratamento das complicações provocadas pelas arboviroses em bebês e gestantes, observa que o número de abortos tem crescido entre as mulheres que recebem o diagnóstico precoce de problemas neurológicos em seus bebês.

“Não temos dados oficiais, mas nós, que estamos na ponta e tratamos no dia a dia com essas mulheres, sabemos que a maioria que abandona a rotina de consultas e exames com as equipes especializada é porque recorreu ao aborto. Infelizmente tem sido cada vez mais comum. Por mais apoio e informação que elas recebam dos profissionais de saúde, se não houver a acolhida, o conforto e a segurança em suas famílias, eles se sentirão incapazes de cuidar destas crianças”, explicou.

De acordo com os médicos, entre os principais problemas apresentados pelos recém-nascidos cujas mães tiveram chikungunya – doença que está em alta em todo o país – são dificuldade respiratória severa, hemorragias cerebrais, meningoencefalite e paralisia cerebral. Já no caso de crianças infectadas pelo vírus da zika os principais problemas estão relacionados à microcefalia, problemas neurológicos e motores, dificuldades na visão e audição, além de retardo no desenvolvimento geral.

Fonte Uol

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