Escolas e universidades de Pernambuco voltam a fechar as portas adaptando-se às aulas remotas

(Foto: Sandy James/Esp. DP)

A decisão do governo de Pernambuco, anunciada na tarde desta segunda-feira (15), de restringir o funcionamento de atividades consideradas não essenciais, em razão da escalada de casos da Covid-19, volta a impactar diretamente a rede de educação. Em todo o estado, as instituições públicas e privadas, em todos os níveis de ensino, precisarão fechar as portas a partir desta quinta-feira (18), seguindo até o dia 28 de março. Ao todo, a medida interfere no cotidiano de mais de 3.500 estabelecimentos, cerca de 30 mil professores e mais de 1 milhão de alunos, que devem retornar à rotina de aulas remotas. Entre os representantes da categoria, a decretação ainda divide opiniões. Para os docentes, seria uma decisão acertada, capaz de desacelerar a contaminação. Já os empresários do setor sinalizam a falta de diálogo, apontando uma suposta precipitação.

“Este realmente é o cenário correto, pelo qual nós vimos lutando desde o primeiro momento. Reabrir o ensino presencial este ano foi um grave erro, que não considerou os altos índices de contaminação, algo que já estava bem diante dos nossos olhos”, ressalta a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Valéria Silva.


A nova quarentena em Pernambuco se pauta pelo quadro caótico nas unidades de saúde, na tentativa de evitar o colapso. Mesmo com a recente abertura de leitos, a ocupação já supera a marca de 90%, conforme dados apontados pela gestão estadual. Para o presidente do Sindicato dos Professores da Rede Privada de Pernambuco (Sinpro), Helmilton Bezerra, a posição também é vista com bons olhos.

“Por mais que existam protocolos de saúde que estavam sendo cumpridos, além de um inegável esforço dos nossos profissionais na tentativa de se adequar, temos todo um universo de dificuldades. É preciso considerar o trajeto de casa até a escola, seja dos alunos ou dos professores e funcionários, além de entender que as unidades de ensino possuem diferentes portes e realidades. Não existiria fórmula mágica para barrar a entrada da doença”, explicou.

Empresários do setor criticam falta de diálogo

Em contraponto, o diretor executivo do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino em Pernambuco (Sine/PE), Arnaldo Mendonça, enxerga o fechamento das escolas como uma decisão equivocada. “Permanecemos entendendo que a escola é um dos pouquíssimos locais onde se tem o absoluto controle da situação pandêmica”, partiu em defesa. Segundo o gestor, que representa cerca de 2.350 unidades particulares por todo o estado, não existiria motivo para esta decisão. “Não foi registrado nenhum caso de surto em nossas crianças ou adolescentes, nem tampouco qualquer disseminação grave identificada em nenhuma escola pernambucana”, diz.

Conforme Mendonça, não teria existido diálogo no tocante às regras para a decretação. “Ainda não sabemos, por exemplo, se os professores terão as condições asseguradas para se dirigirem até as escolas para realizarem suas aulas, sabendo que muitas unidades fizeram grandes investimentos em espaços multimídia e tecnologia para transmissão. Hoje percebemos este fechamento como algo muito mais psicológico, fruto de um medo coletivo, do que realmente representar um perigo”, opinou.

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