A estudante universitária, Deylyanne Hallam Falcão, de 31 anos, foi casada durante seis anos com um capitão do Corpo de Bombeiros de Pernambucano. Moradora de Petrolina, no Sertão do estado, ela diz que sempre sofreu agressões e, ao tentar se separar, começou a ser perseguida pelo ex-marido.
“Ele sempre continuou me perseguindo, nunca me deixou em paz. Já colocou policias para andar atrás de mim. Eu nunca tive paz. Ele nunca aceitou o fim do relacionamento, sempre me agredia e chamava a polícia para me colocar como louca. Só que eu sempre fui a vítima”, relata.
Deylyanne, que é de Parnamirim, também no Sertão, já registrou cinco Boletins de Ocorrência contra o ex-companheiro. O primeiro, foi em 2017. O mais recente foi do início de outubro, no estado de São Paulo. “Em São Paulo ele não tem influência, não existe corporativismo. Acredito que lá ninguém sabe quem é ele”, afirma.
“Eu precisei sair de madrugada com minha filha, peguei um avião aqui, porque eu não suportava mais essa vida. Eu precisava buscar algum meio, alguma ajuda, porque eu ia aparecer morta a qualquer momento. Fui até São Paulo, na Casa da Mulher Brasileira, e registrei lá. E lá eu consegui as medidas protetivas para mim e minha filha”.
Segundo Deylyanne, além das agressões físicas e psicológicas, o ex-marido também fazia ameaças.
“Eu quero viver, eu preciso viver. A partir de hoje, quando essa gravação sair, o que acontecer comigo ou com minha filha, foi a mando dele, porque era sempre o que ele dizia: ‘Não fale. Acidentes acontecem todos os dias. Morte não é só de tiro. Todos os dias existem acidentes’. Então, o que me acontecer foi a mando dele: Giovanni Lustosa Cabral Filho, capitão do Corpo de Bombeiros. Hoje, ele está lotado em Salgueiro, mas vive em Petrolina”
O terceiro foi registrado no dia 23 de outubro. Uma arma de fogo teria sido retirada de Giovanni, conforme ordem judicial. Foi quando a Polícia Civil de Pernambuco tomou conhecimento da medida protetiva, expedida no estado de São Paulo. O procedimento foi encaminhado à Delegacia de Proteção à Mulher.
A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) disse, em nota, não ser possível passar informações sobre a concessão de medidas protetivas, por causa do segredo de justiça. A nota diz ainda que, no momento, não há processos em trâmite que envolvam as partes na Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Petrolina, mas que existem dois processos que já tramitaram em 2019, e que culminaram na absolvição do acusado.