Procurador rememora homicídio que vitimou seu pai e ressalta participação da população petrolinense em julgamento

Vladimir Aras é membro do MPF e Professor de Ciências Criminais. (Foto: Internet)

O Procurador Vladimir Aras pulicou um texto intitulado “Um júri”, em seu blog. Nas palavras, o jurista rememora o processo criminal da morte de seu pai, José Raimundo Aras, sociólogo que atuava como Auditor Fiscal em Juazeiro (BA). José Aras foi assassinado em 1996.

“Três homens que louvavam o dinheiro alugaram seu serviço para um crime de mando: matar meu pai. Escolheram-no a dedo. Já era um tarimbado homicida. Em 1988, na vizinha Juazeiro, ele tirara a vida de outro homem. Mas só foi julgado em 2002, sendo condenado a 6 anos de prisão… É quanto vale uma vida no Brasil.”

Dezesseis anos depois do crime, no tribunal do júri de Petrolina (PE), Carlos Robério Vieira Pereira, acusado de assassinar o pai de Vladimir foi apresentado à justiça.

“Na tribuna, às margens do majestoso Rio São Francisco, esteve todo o tempo, como um soldado da sociedade, o promotor Júlio César Soares Lira, que sustentou a acusação de homicídio duplamente qualificado. Em 1996, já membro do Ministério Público, nada pude fazer para impedir essa violência contra meu pai, morto em consequência de sua atividade como auditor fiscal, na região de Juazeiro. Ele descobrira um esquema de sonegação de ICMS, envolvendo grandes atacadistas dali, que formavam a “Máfia do Açúcar”. Perdeu sua vida por isto. Mas não perdeu seu nome, nem sua honra. Era um servidor público”, conta Vladimir.

No decorrer do texto, Vladimir expõe de modo sútil, sua opinião sobre a legislação brasileira. Incansavelmente, ele agradece a atuação do promotor de justiça pela condução do caso, assim como à defesa do caso e demais juristas que atuaram no julgamento. Além dos juristas, Vladimir também exalta a participação da população de Petrolina.

“O veredicto do povo pernambucano pôs um primeiro curativo em feridas não cicatrizadas há mais de uma década. Doem ainda, confesso”, ressaltou.

Em seu perfil no tuwitter, o então Ministro da Justiça e Segurança Pública ,Sérgio Moro, divulgou a história da busca da família de Vladimir por justiça, para reforçar a importância do Pacote Anticrime. “Por trás de cada crime, há um drama pessoal.Não há destino manifesto do Brasil de ser a terra da impunidade. Mudar é tarefa de todos, Governo, Congresso, Judiciário e sociedade. Ainda que o Governo estivesse sozinho, valeria a pena.Mas aposto que não estamos”, disse Moro.

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